terça-feira, 12 de junho de 2012

"Menino Anjo"

















Anos se passaram...
Muitos e muitos dias de convivência...
Horas boas e horas ruins...
Nossa história foi sendo escrita.
Mas a vida se renova a cada amanhecer,
A todo abrir ou fechar de olhos,
A partir de novas descobertas,
Aquelas mesmas antigas
Que cada um tem que compreender,
Por si próprio, ao vivenciá-las.

E assim, me vejo ainda hoje,
Descobrindo-te novo,
Pasma pelo que me salta à vista:
É o mesmo homem pelo qual me apaixonei,
Mas de mais perto o vejo, o sinto, o toco,
Num lugar muito mais profundo e essencial.

Você se mostra e à mostra está sua alma.
Quase sinto as partículas de sua respiração,
Quase compreendo o movimento de seus órgãos,
Quase danço ao som do trepidar de seu coração.
Estou plenamente conectada a você
Porque você está presente em sua maneira,
De seu jeito mais verdadeiro.
E eu, atenta a esse momento mágico,
Percebo e sinto mais admiração por sua vida.
   
Num interstício, nada é díspare...
A dicotomia se integra e se torna amor.
O verdadeiro e, neste momento, incondicional...
Como o amor deveria ser.
O real e o imaginário se confundem
Mas o que temos somos nós,
Não duas metades perdidas ao léu,
Mas dois inteiros se procurando
E querendo a presença um do outro.
Presença que é mais que estar o tempo todo junto,
É, também na ausência, marca consciente de um querer estar,
É saber que há uma falta e sempre vai faltar,
Mas se sentir preenchido com um sopro de beijo
Onipresente e efêmero.

Enfim, o amor me toca e me empurra para as nuvens,
De onde posso espreitá-lo.
E desço ao chão me deparando
Com o homem que vejo a minha frente.
Ele é real, é outro que não eu, nem é extensão de mim.
Ele é quem escolho a cada dia querer ter a companhia e dividir um pouco de minha existência.
Ele é alguém que quer, livremente, me amar e me fazer sentir bem ao seu lado.
Ele, o menino anjo,
Que é o motivo desta lágrima e deste sorriso
Que, concomitantes, desabrocham neste momento de minha face.

(de 2008)

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