Anos se passaram...
Muitos e muitos dias
de convivência...
Horas boas e horas
ruins...
Nossa história foi
sendo escrita.
Mas a vida se renova
a cada amanhecer,
A todo abrir ou
fechar de olhos,
A partir de novas
descobertas,
Aquelas mesmas antigas
Que cada um tem que
compreender,
Por si próprio, ao
vivenciá-las.
E assim, me vejo
ainda hoje,
Descobrindo-te novo,
Pasma pelo que me
salta à vista:
É o mesmo homem pelo
qual me apaixonei,
Mas de mais perto o
vejo, o sinto, o toco,
Num lugar muito mais
profundo e essencial.
Você se mostra e à
mostra está sua alma.
Quase sinto as
partículas de sua respiração,
Quase compreendo o
movimento de seus órgãos,
Quase danço ao som do
trepidar de seu coração.
Estou plenamente
conectada a você
Porque você está
presente em sua maneira,
De seu jeito mais
verdadeiro.
E eu, atenta a esse
momento mágico,
Percebo e sinto mais
admiração por sua vida.
Num interstício, nada
é díspare...
A dicotomia se
integra e se torna amor.
O verdadeiro e, neste
momento, incondicional...
Como o amor deveria
ser.
O real e o imaginário
se confundem
Mas o que temos somos
nós,
Não duas metades
perdidas ao léu,
Mas dois inteiros se
procurando
E querendo a presença
um do outro.
Presença que é mais
que estar o tempo todo junto,
É, também na
ausência, marca consciente de um querer estar,
É saber que há uma
falta e sempre vai faltar,
Mas se sentir
preenchido com um sopro de beijo
Onipresente e
efêmero.
Enfim, o amor me toca
e me empurra para as nuvens,
De onde posso espreitá-lo.
E desço ao chão me
deparando
Com o homem que vejo
a minha frente.
Ele é real, é outro
que não eu, nem é extensão de mim.
Ele é quem escolho a
cada dia querer ter a companhia e dividir um pouco de minha existência.
Ele é alguém que
quer, livremente, me amar e me fazer sentir bem ao seu lado.
Ele, o menino anjo,
Que é o motivo desta lágrima e deste sorriso
Que, concomitantes,
desabrocham neste momento de minha face.
(de 2008)