segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

I



















Ser que está em mim
Habita agita
Tenta assenta
Marca demarca
Faz uso e aumenta o bom de mim.
Faz e refaz
Molda e amolda
Retrai e atrai
Sustenta e dilui o controle de mim.
Aficciona e apaixona
Derrete e compromete
Tudo e além do que sinto de mim.
Quanto amor pra mexer tudo isso assim.

(24/08/2012)

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Depois de Perséfone


(quadro: Caminhos e Encontros de Carolina Sasso Lacase)

Sensações aguçadas
Como um aparelho ligado
Ou um organismo plugado
Numa voltagem irreconhecível.

Lanço-me ao chão, ao teto
Busco-me dos lados e acima dos ombros
Avisto só o que há para enxergar
E nada mais...

Mas há muito mais a olhar...
A sentir, a perseguir, a espreitar...
Sinto a vertigem do último andar
Como sendo a primeira face do espelho.

E não me oculto para lhe procurar
Não me finjo de distraída...
Fico atenta a cada sinal
Em cada hora do dia.

E dores vem e vão...
As mágoas todas se dissiparam...
E confusões vem e vão...
Todas as dúvidas se tornaram certas...

E o barco parece não ancorar
Fico marejando meus olhos no horizonte
Que tentam se prender a um foco
E ao seu destino.

E palpites vem e vão...
A certeza de poucas coisas me bastam...
E turbulências vem e vão...
Já não acho menos atraentes os buracos...

E das profundezas se sobe ao topo
Das sombras se ilumina o caminho
Das cinzas se aquecem as brasas
Do corpo me deleito na alma...

É mais uma expectativa de amanhã
Uma tendência para hoje
E uma perspectiva que adora
E adota o mais breve futuro.

(21/07/2012 – 17h20)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Lugar comum

(quadro: Maquinaria Cardíaca de JF Machado)



















Já nem sei o que eu quero...
O que eu quero sei bem!
Se as dores aprisionadas viram doenças,
Na poesia elas se curam,
Se diluem, se mantém...

Creio no milagre maior do amor
E espero sua concretização.
Ouço vozes, sinto sensações, vejo cenas...
Alcanço insights, conclusões e sínteses,
Mas não chego ao coração.

A cada dia que vivo
Morro um pouco de mim...
Quero viver para contar para todos,
Para os meus, para os demais
Histórias belas que não tem mais fim...

Era uma vez uma menina boazinha
Que de tão terna era muito má...
E de tanto procurar o equilíbrio ideal
Se tornou algo melhor
E não quer que isso nunca se vá...

Porém um dia ela se cansou de tudo,
Ela se enfadou de lutar
Pelos outros e quis tentar escrever
Sua própria parábola da terra santa...
Algo que ela nunca houvesse ouvido falar.

E não encontrou nenhuma bruxa malvada
Deparou-se apenas consigo.
A maior das criaturas temíveis,
O maior gigante dos castelos...
E quis se refugiar num abrigo.

Foi se fechando e se acomodando,
Se trancando e se decompondo...
Em pedaços pode se olhar melhor.
Juntando os cacos tinha a chance
De ir de nova maneira se dispondo.

Percebeu que sua visão já era tão conhecida...
Que tudo o que sabia já estava escrito
Nos livros, lançado nos filmes, dançado com as músicas...
E achou que todas suas premonições e intuições
Era algo realmente esquisito.

De uma hora para outra
Tudo fazia sentido!
Ela queria mais é poder gritar
Que sua vida era plena e que tinha alcançado
A verdadeira felicidade...
Mas só o que podia era sussurrar.

Faltava alguma coisa,
Coisas sem explicação...
Sobravam angústias e ansiedades,
Lugar sem piso, teto sem telhado... e ela descobriu:
Tinha tudo no seu coração!

(10/06/2012 – 16h28)

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Sentidos...















Colher e ser.
Ser melhor.
Ser suor.
Ser sentido.
Ouvido, pele, toque.
Toc, toc, ruído.
Fala, cala.
Com ou sem sentido.
Sentido reto, torto.
Afeto, afago.
Ato e fato.
Sentido nato.
Reconquistado, reconhecido.
Sentido de fato.

(16/04/2011 – 02h18)

terça-feira, 12 de junho de 2012

"Menino Anjo"

















Anos se passaram...
Muitos e muitos dias de convivência...
Horas boas e horas ruins...
Nossa história foi sendo escrita.
Mas a vida se renova a cada amanhecer,
A todo abrir ou fechar de olhos,
A partir de novas descobertas,
Aquelas mesmas antigas
Que cada um tem que compreender,
Por si próprio, ao vivenciá-las.

E assim, me vejo ainda hoje,
Descobrindo-te novo,
Pasma pelo que me salta à vista:
É o mesmo homem pelo qual me apaixonei,
Mas de mais perto o vejo, o sinto, o toco,
Num lugar muito mais profundo e essencial.

Você se mostra e à mostra está sua alma.
Quase sinto as partículas de sua respiração,
Quase compreendo o movimento de seus órgãos,
Quase danço ao som do trepidar de seu coração.
Estou plenamente conectada a você
Porque você está presente em sua maneira,
De seu jeito mais verdadeiro.
E eu, atenta a esse momento mágico,
Percebo e sinto mais admiração por sua vida.
   
Num interstício, nada é díspare...
A dicotomia se integra e se torna amor.
O verdadeiro e, neste momento, incondicional...
Como o amor deveria ser.
O real e o imaginário se confundem
Mas o que temos somos nós,
Não duas metades perdidas ao léu,
Mas dois inteiros se procurando
E querendo a presença um do outro.
Presença que é mais que estar o tempo todo junto,
É, também na ausência, marca consciente de um querer estar,
É saber que há uma falta e sempre vai faltar,
Mas se sentir preenchido com um sopro de beijo
Onipresente e efêmero.

Enfim, o amor me toca e me empurra para as nuvens,
De onde posso espreitá-lo.
E desço ao chão me deparando
Com o homem que vejo a minha frente.
Ele é real, é outro que não eu, nem é extensão de mim.
Ele é quem escolho a cada dia querer ter a companhia e dividir um pouco de minha existência.
Ele é alguém que quer, livremente, me amar e me fazer sentir bem ao seu lado.
Ele, o menino anjo,
Que é o motivo desta lágrima e deste sorriso
Que, concomitantes, desabrocham neste momento de minha face.

(de 2008)

domingo, 10 de junho de 2012

Um pouco de mim... agora


Muito antiga e altamente contemporânea
Que admira o pôr-do-sol e se embriaga com as estrelas
Sonha com melodias e viaja no silêncio
Um poço de calma e um turbilhão de pensamentos
Gosta de estar sozinha e ama estar com pessoas
Copia e reinventa
Está entre o efêmero e o eterno
Entre a fala e a poesia
Inspiro desafio e expiro amor
Sou nostalgia, saudade, gratidão, contemplação e novidade
Aparentemente paradoxal, mas fundamentalmente integradora
Amo a vida e vivo para experimentá-la a cada dia...


(de abril/2010)